A Música e Seus Efeitos no Indivíduo
Ana Maria N. Gorski Damaceno [*]
"Existem músicas e músicas, suaves e harmoniosas,
estridentes e sincopadas.
Comprovadamente, qualquer delas exerce profunda
influência na formação da personalidade humana" - Gerson Gorski Damaceno
Um dos meus compositores prediletos, o prodigioso
pianista Franz Liszt disse:
"Considerai a arte, não como um meio de
satisfazer ambições egoístas, ou de alcançar uma celebridade estéril, mas como uma forma
que une e sustenta a humanidade".
Acompanhando o progresso da humanidade sempre esteve
presente a ciência da arte musical.
Um dos fatores de grande importância na formação da
personalidade do individuo é a sua cultura musical.
Não apenas porque desperta a criatividade, mas, porque
enriquece e desenvolve as faculdades humanas de um modo geral. A música
contribui e apela para o desenvolvimento da sensibilidade, inteligência,
perseverança, amor, criatividade, memorização, vontade, auto-estima, autodisciplina,
improvisação e muito mais...
Proporcionando alegria ao compositor, ao executante e
ao ouvinte. Sentimos que, por todas essas razões, a música é um fator cultural
extremamente necessário para o ser humano.
Os gregos, árabes, hebreus, hindus, chineses e outros
povos da antiguidade possuem inúmeros documentos referindo-se ao poder
terapêutico da música. O mais típico exemplo desse fenômeno mencionado na
Bíblia é o de Davi tocando harpa
para acalmar o rei Saul, restaurando-lhe a paz. O declínio espiritual da música bem como a transformação da
natureza e da mentalidade humana, são responsáveis pelos raros efeitos
terapêuticos da música atual.
Certas músicas contemporâneas, não só como o Jazz e
Rock podem provocar sério desequilíbrio no sistema nervoso. O uso
extensivo de síncopes, ostinatos, polirítimos, dissonâncias, bem como o volume do som
extremamente alto, concorrem gradualmente para o aparecimento de
enfermidades graves no individuo, principalmente a perda da audição que é
irrecuperável. O filosofo romano Boethius (480-524) disse: "A saúde é tão
musical que a doença não é outra coisa senão uma dissonância, e essa dissonância
pode ser resolvida
pela música".
Inúmeras são as pessoas que têm experimentado os
efeitos terapêuticos ouvindo música erudita, executando-a, simplesmente
improvisando-a, ou compondo-a descontraidamente. A prática pessoal de algum
instrumento ou canto contribuem para o equilíbrio físico, emocional, e mental do
individuo.
Às vezes certos alunos adultos após terminada a aula
nos confessam: "Professora, a senhora curou-me de minha forte dor de cabeça".
Simples exercícios rítmicos, de relaxamento, canções bem melodiosas e execução
descontraída das peças musicais exercem efeitos saudáveis sobre o sistema
nervoso fazendo desaparecer
no estudante as tensões acumuladas durante o dia.
Por outro lado podemos constatar que, certos alunos,
muitas vezes, usando um esforço demasiado na pratica instrumental ou vocal
errônea, apresentam um alto desequilíbrio nervoso.
Quando certos alunos desejam praticar e apresentar
peças que ainda não estão Tecnicamente preparados, perdem muitas horas
treinando, ficando frustrados com os resultados satisfatórios que deixam de preencher
suas necessidades estéticas e psíquicas.
Toda essa problemática resulta num certo desequilíbrio
físico e emocional, muitas vezes agravado por uma postura inadequada, respiração
incorreta, tensão nervosa causando problema de coluna, cansaço,
irritabilidade, distensão muscular, dores de cabeça, depressão, e profunda desmotivação no
estudo musical.
Uma boa sugestão para evitar alguns desses problemas é
de incentivar o aluno a dividir o seu treino musical diário intercalando com
outras atividades.
O professor deve estar sempre alerta a tais situações
motivando o aluno a escolher um repertorio adequado, respeitando as
condições físicas, emocionais, e a personalidade de cada individuo. Relembrando o
pensamento de um amigo: "Pela música encontramos a maneira mais
emocionante de recordar um passado
triste ou alegre". Diante disso necessitamos
adaptar diferentes estratégias de ensino e repertório de acordo com as situações
emocionais do executante.
Deve-se evitar forçar ou causar tensões desnecessárias
ao aluno, pois, a música tem como objetivo trazer saúde, paz e
harmonia para nossa vida, no ambiente em que vivemos e ao nosso mundo. Ao
contrario, muita ruidosa música atual, prejudica a saúde e causa desequilíbrio
total na vida do individuo e do seu mundo.
Pense e reflita, antes de escolher e ouvir o seu
repertório musical...
Fonte: http://www.folhadafamilia.com/musica_adoracao009.asp
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http://www.musicaeadoracao.com.br/efeitos/corpo_mente/musica_efeitos_gorski.htm
por: Cezar Ribas De acordo com uma nova pesquisa, besouros são super caretas e
não gostam de rock Heavy Metal – ou de nenhuma música mais “pesada”. E os cientistas
descobriram que o som que os mais deixa irritados são versões modificadas dos
sons que eles mesmos fazem.
Os besouros estavam destruindo árvores que já estavam em
extinção, muito importantes para o ecossistema, e os cientistas resolveram
encontrar uma forma de impedi-los (sim, os besouros também têm lugar no
ecossistema, mas a ação do homem e as mudanças climáticas fizeram com que eles
se reproduzissem demais).Para expulsar os besouros, os cientistas tocaram Guns &
Roses, Queen, Rush Limbaug e versões manipuladas dos sons dos próprios
besouros. Além de ficarem perturbados e irem embora, os insetos lutavam entre
si, matando uns aos outros, não conseguiam se reproduzir, muito menos cavar
túneis e se alimentar.A conclusão foi que o stress acústico realmente afeta os insetos
e é uma boa maneira de combatê-los.Antes de colocar a “terapia” em prática na floresta, os
cientistas haviam testado o método em pequenas “fatias” de madeira, retiradas
de árvores infestadas, e puderam analisar de perto a resposta dos besouros com
diferentes tipos de música.Os pesquisadores afirmam que, se a música fosse tocada antes da
cópula dos insetos, o macho ficava tão irritado que acabava destruindo a fêmea.
por: Fernando
Melo
Rock,
pagode, funk, lenta, clássica, brega, sertaneja, have metal, forró… a lista é grande e tem estilos para todos os gostos. Quando
alguém diz que gosta de determinado tipo de música sempre haverá alguns que
chamarão seu gosto de mal gosto, mas isto talvez não traga maiores complicações que uma simples divergência de
opinião. Mas quando se fala de música religiosa as coisas parecem ser
diferentes. É preciso considerar o fato de que na música não religiosa existe
boa música e música de péssima qualidade. Há uma música de consumo, feita com
objetivos meramente comercias, que arrasta multidões de jovens num embalo
alucinante, mas que não tem beleza musical e literária. Música feita para
enriquecer gravadoras, produtores, artistas e empresários do ramo. Um
emaranhado de luz, som e efeitos especiais atrai milhares aos clubes, salões e
festas de rua sob o comando dos trios elétricos.
A música faz parte da vida social da
humanidade,
influenciando culturalmente o comportamento das pessoas, mexendo
com as emoções e sentimentos, afeta a própria razão, determinando padrões de
vida e alterando os rumos da sociedade. A experiência mais familiar aos jovens
é a da música que toma conta deles: sabem que a música não os prende de um
determinado lado, não os atinge só de um determinado aspecto deles mesmos, mas
toca o centro de sua existência, atinge o conjunto de sua pessoa, coração,
espírito e corpo. Ela os agarra, sacode, invade até impor-lhes um
comportamento, um determinado jeito de ser. [Muitos "ídolos" musicais
do momento], de talento próprio ou fabricado nos laboratórios empresariais de
marketing publicitário para o mercado musical consumidor, tem servido de
referência e padrão para juventude. A moçada come, bebe, veste, fala, usa e se
comporta como seus ídolos. Estes modelos, não raras vezes, tem uma vida moral
questionável. Ao admirá-los e amá-los, correm risco, mesmo inconscientemente,
de serem influenciados pelo caráter e personalidade destes popstars. Georges
Snyders – A escola pode
ensinar as alegrias da música? p.
80 – diz que a música pode assumir proporções de violenta dominação opressora
despertando dentro de nós forças desordenadas, indistintas e põe em movimento
forças subterrâneas levando o homem ao próprio caos. Medo, crueldade, angustia,
sensualidade trazem um misto de encanto e tristeza que são facilmente
suscitados pelas tempestades musicais.Várias experiências científicas já
foram feitas comprovando a influência da música sobre o corpo e a mente. Até
mesmo plantas e animais são afetados e tem seu desenvolvimento alterado pela
ação da música. Então você não pode esperar que uma pessoa que escuta
freqüentemente qualquer tipo de música continue do mesmo jeito. Ela será
atingida na sua vida sentimental, social, emocional e espiritual.Imagine um
filme sem música: as cenas de terror não causariam tanto medo, as cenas de ação
não produziriam tanta adrenalina, as cenas de humor não produziriam tanto riso,
as cenas de emoção não fariam brotar tantas lágrimas, as cenas de amor não
fariam bater mais forte tantos corações apaixonados. Na verdade parece que um
mundo sem música seria como um mundo sem cor. Sendo a música um poder tão
abrangente, ela é alvo do interesse de vários seguimentos como a política,
religião, comércio, mídia, entre outros. Mas o maior interessado no assunto é o
ex-maestro da orquestra celestial, Satanás. Ele quer levar as pessoas a se
afastarem de Deus, e tem usado a música como um instrumento em suas mãos. Você
tem que estar ligado para que, ao se ligar em uma música, não esteja sendo
desligado. Desligado das realidades da vida e das coisas espirituais. O que
você está ouvindo? 93% dos jovens ouvem rádio cada semana. Os jovens gastam
cerca de 7 horas por semana ouvindo rádio e cerca de 6 horas por semana ouvindo
CDs e fitas. Daí o interesse do mercado fonográfico na juventude. Muitos jovens
tem o gosto musical distorcido. É impossível que uma pessoa escute determinados
tipos de música durante a semana inteira e tendo desenvolvido seu paladar
musical para este estilo de musica não religiosa de baixa qualidade, que não
eleva a mente e o espírito, tenha prazer na música de Deus. Por "curtir um
som" que está nas paradas de sucesso, você pode colocar em risco suas
bases espirituais.Atualmente tem surgido um perigo para
o jovem cristão, relacionado a música, que é mais sutil e sedutor que a música
secular não religiosa, a música religiosa. A música não religiosa é facilmente
identificada como uma música que não pertence a Deus. Sua origem e seus
divulgadores denunciam sua influência prejudicial. A música religiosa
contemporânea tem se assemelhado à música popular e por isso causado tantos questionamentos.
Há um conceito filosófico de música evangélica que defende a ideia de que Deus
é o Deus das artes e da música e que toda música pertence a Deus, não importa
qual seja o tipo e que é preciso resgatar as músicas que estão sendo usadas por
Satanás e colocá-las a serviço de Deus. Assim, samba, jazz, blues, etc., podem
ser usados para adorar a Deus. Somado a isto, está a ideia que é preciso
alcançar a pessoa no nível em que ela está, na sua cultura, em seus costumes.
Portanto se um jovem gosta de rock, faça-se um rock evangélico para atraí-lo e
agradá-lo, se outro aprecia música romântica, ofereça-lhe uma suave balada
gospel. Seria este o método de Deus? Jesus desceu a Terra, misturou-se com os
piores pecadores, conviveu com eles, mas nunca rebaixou as normas e os padrões
para conquistá-los.Por outro lado existe a verdadeira filosofia cristã de
música. Aquela que tem por princípio elevar o homem em todos aspectos de sua
vida. A boa música sempre edificará, tanto mental como espiritualmente, tanto
emocional como sentimentalmente. O critério de avaliação nunca deveria ser o
gosto musical do ser humano afetado por influências culturais e
sociaiscontaminadas pelo pecado.Não basta colocar uma letra falando de Deus,
com citação de textos bíblicos ou expressando idéias religiosas para que esta
música seja uma boa música e apropriada para o consumo de um jovem cristão.
Mesmo que você goste de certas músicas, elas podem conspirar contra sua fé.A questão não é ser liberal ou
conservador. O fato é que temos que ter consciência de que como jovens do
século XXI, não somos obrigados a gostar de música de mil anos atrás, mas
precisamos estar atentos para o tipo de música que estamos consumindo e
apreciando. Você deve estar se perguntando: "Já que eu tenho que gostar da
música que Deus gosta, qual é o gosto musical de Deus? Será a música medieval
européia ou a americana do século passado? Será o canto gregoriano ou a música
gospel moderna?". Na realidade as músicas variam de região para região e
de época para época, mas nós podemos ter alguns critérios que poderão nos
auxiliar dentro de nosso contexto cultural, social e histórico, baseados em
conceitos dados pela revelação divina. Aí vão algumas dica práticas:A letra – o conteúdo e a mensagem da música
devem estar em harmonia com os ensinos e doutrinas da Bíblia. A música tem uma
função didática e deve ensinar a verdade de acordo com a vontade de Deus.
Cuidado, existem belas músicas que tem uma letra anti-bíblica.
O estilo ou ritmo – toda música tem ritmo, mas alguns
não favorecem a adoração. Uma canção para ser sagrada não precisa ser fúnebre,
ela pode ser alegre e vibrante. No entanto a boa música vai evitar o apelo
físico, pode envolver a pessoa como um todo, mas sempre vai levar a mensagem e
consequentemente a um crescimento espiritual.
A reação – uma boa maneira de avaliar a
qualidade de uma música é a resposta produzida na pessoa. A música como
elemento de adoração deve ser racional. Ao agir sobre a mente deve influenciar
os sentimentos e as emoções levando a um compromisso com a mensagem e o
envolvimento de todo o ser. Muita gente acha que música jovem tem que ser cheia
de embalo, com cara de pop music, produzida por um bando de cabeludos com
jaquetas de couro e guitarras nas mãos, levando a moçada ao delírio em shows de
música gospel. Outros acham que os jovens devem se contentar com músicas
pré-históricas acompanhadas por um órgão de fole da idade da pedra. Como
alcançar o equilíbrio, o bom senso, a maturidade cristã neste assunto?
Certamente com humildade o oração, buscando em Deus e em Sua palavra
orientação, estudando sem radicalismo ou preconceitos e deixando-se ser guiado
pelo Espírito Santo. Não seguindo gostos pessoais ou a onda do momento.
Respeitando a opinião dos outros e não transformando sua opinião em uma
doutrina para salvação. Saber que a despeito do tempo ou do lugar, da cultura
ou costumes, os sinceros e fiéis filhos de Deus que O adoram em espírito e em
verdade estarão junto ao trono do Cordeiro cantando um cântico novo. Saber
escolher música de boa qualidade, religiosa ou não, demonstra sabedoria e
maturidade. O jovem inteligente e de bom gosto não se deixa levar por modismos
impostos pela mídia e pelo "todo mundo tá curtindo esse som". Você
não precisa se sentir um extraterrestre ou alienígena por ter estilo próprio e
critérios na seleção musical. Mesmo o gosto pessoal pode ser perigoso, se usado
como padrão, pois nós temos uma natureza contaminada pelo pecado. Ao sintonizar
o seu dial ou ao entrar em uma loja para adquirir um novo CD, você deve estar
atento a influência da música que vai estar ouvindo. A música é um fio que tece
nossas vidas.
Segundo uma nova pesquisa da Universidade Caleidonian de
Glasgow, as emoções que a música desperta podem ser usadas para tratar dores
físicas e depressão.O projeto, que reuniu engenharia de áudio e psicologia
musical, procurou analisar de que forma a música nos ajuda quando estamos
passando por momentos difíceis na vida. Segundo os pesquisadores, os resultados
mostraram que isso é mais complicado do que assumir que a música rápida nos
deixa mais felizes enquanto a música lenta faz com que fiquemos tristes.
Primeiro é importante saber que as letras das músicas, e não
apenas o ritmo, influenciam o nosso humor. Outro fator importante apontado
pelos cientistas é o que você associa com a música (se você estava se sentindo
bem quando a ouviu pela primeira vez, por exemplo).
Durante a pesquisa, voluntários ouviram várias músicas de
diferentes estilos que nunca haviam escutado antes. Depois eles indicavam que
sentimento a música passava. O resultado mostrou que as músicas associadas com
sentimentos positivos têm uma batida regular, timbre claro e constante.
O próximo passo da projeto é criar um modelo matemático que
“traduza” a habilidade das músicas de transmitir emoções e convertê-lo em um
programa de computador que analise as necessidades de cada indivíduo e componha
uma música especial para ele, podendo substituir antidepressivos e remédios
para a dor física. [DailyTech]
Muitas histórias que circulam pela
internet não são verdades, ou são “meias verdades”. A história a seguir, porém,
um tanto famosa na web, é muito verdade, e muito tocante.
Aconteceu mesmo, em 2007, na cidade
de Washington, nos EUA. Um gênio (que não gostaria que usássemos essa palavra)
parou na estação de metrô L’Enfant Plaza e posicionou-se contra uma parede ao
lado de uma lata de lixo, usando calça jeans, camiseta de manga comprida e um
boné de beisebol do Washington Nationals.
Em seguida, tirou um violino de uma
pequena caixa. Colocou a caixa em aberto a seus pés, astutamente jogou alguns
dólares para atrair outros mais, se virou para enfrentar o tráfego de
pedestres, e começou a tocar.
Joshua Bell.
Às 7h51 de uma sexta-feira, 12 de
janeiro, no meio do rush matinal, um dos melhores violinistas do mundo tocou
seis peças clássicas das mais elegantes já escritas, em um dos mais valiosos
violinos já feitos por 43 minutos conforme 1.097 pessoas passaram.
O que acontece quando um artista de
rua comum toca, todos sabemos: um ou outro transeunte dão rápidas olhadas e
jogam moedas, outros muitos se irritam com a “poluição sonora” e a indução de
culpa se não pagar por uma performance pela qual não pediu, enquanto raros
param para apreciar o talento do próximo.
Aí vem a questão: o que um músico
consagrado estava fazendo tocando em um metrô? A “pegadinha” tinha sido
arranjada pelo jornal The Washington Post como uma experiência de percepção de
contexto e prioridades, bem como uma avaliação do gosto do público.
Em um cenário banal em uma hora
inconveniente, a beleza transcenderia?
O músico não tocava músicas populares
cuja familiaridade poderia ter atraído o interesse de quem passava. Esse não
era o teste. A ideia era ver se as obras-primas seculares brilhariam por si
sós, fazendo com que a grandeza da música provocasse a reação da população de
reconhecimento do incrível.
O que você acha que aconteceu?
Antes da pegadinha ser posta em
prática, a opinião de um especialista foi pedida pelo Washington Post, que se
referiu ao acontecimento como “hipotético”.
Leonard Slatkin, diretor musical da
Orquestra Sinfônica Nacional dos EUA, respondeu o que ele pensava que ocorreria
se um dos grandes violinistas do mundo se apresentasse anonimamente ao público
na hora do rush em um metrô.
“Vamos supor que ele não é
reconhecido e apenas tomado como um músico de rua. Ainda assim, eu acho que, se
ele for realmente bom, não vai passar despercebido. Teria uma maior audiência
na Europa, mas, sim, de 1.000 pessoas, o meu palpite é que pode haver 35 ou 40
que vão reconhecer a qualidade de seu som. Talvez 75 a 100 parem e passem algum
tempo escutando”, chutou Slatkin.
Então, uma multidão se reuniria? “Ah,
sim”, disse, convicto. E quanto esse músico deve ganhar? “Cerca de US$ 150 [R$
300]”, opinou.
Em seguida, Slatkin soube que o
evento não era hipotético. Tinha realmente acontecido. “Bem, quem foi o
músico?”, perguntou.
Joshua Bell.
“NÃO!”.
Bell, o prodígio
Aos 39 anos, Joshua Bell é aclamado internacionalmente. Ele já tocou com as melhores
orquestras por todo o mundo, mas também já apareceu em “Vila Sésamo”. Bell
tocou até mesmo a trilha sonora do filme de 1998 “O Violino Vermelho”. Conforme o compositor
John Corigliano aceitou o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original Dramática,
creditou Bell, que, segundo ele, “toca como um deus”.
Três dias antes de sua “performance
de rua”, ele se apresentou de casa cheia no imponente Boston Symphony Hall,
evento no qual os “piores” assentos foram vendidos por US$ 100 (cerca de R$
200).
Bell é um galã. Alto e bonito,
simples e direto, é difícil de não notá-lo. Ao aceitar a pegadinha do jornal,
apesar de estar acostumado com elogios, pediu apenas que não fosse referido
como um gênio.
O evento havia sido descrito a ele
como um teste para saber se, em um contexto incongruente, pessoas comuns
reconheceriam genialidade. “Não me sinto confortável se você me chamar de
gênio”, disse. Segundo ele, era uma palavra muito utilizada, e podia ser
aplicada a alguns dos compositores cuja obra ele toca, mas não a ele. Suas
habilidades são em grande parte interpretativas, argumentou.
No entanto, se tomarmos gênio como a
definição é aplicada no campo da música, é exatamente o que ele é. Genialidade
é um brilho congênito – uma habilidade inata e sobrenatural que se manifesta
cedo, e muitas vezes de forma dramática.
Um fato intrigante sobre Bell é que
ele teve suas primeiras lições musicais quando tinha 4 anos de idade, em
Bloomington, Indiana (EUA). Seus pais, ambos psicólogos, decidiram dar-lhe
treinamento formal depois que viram que seu filho havia amarrado faixas de
borracha nas gavetas de sua cômoda e estava replicando melodias clássicas
apenas de ouvido, movendo as gavetas para variar o tom. Se isso não for uma criança
prodígio, não sei o que é.
O dia D
Bell levou para seu show anônimo o
mesmo instrumento que sempre toca: chamado Gibson ex Huberman, é um violino
artesanal feito em 1713 por Antonio Stradivari durante o “período de ouro” do
mestre italiano, no final de sua carreira. Nenhum violino soa tão maravilhoso
quanto Stradivarius da década de 1710, diria qualquer especialista.
Bell toma o maior cuidado com seu
instrumento. Nada pode acontecer com ele, ou o som que ele produz pode ser
diferente. A frente do violino está em estado quase perfeito, com um lustroso
brilho. A parte de trás, no entanto, é uma bagunça; seu acabamento escuro
avermelhado vai se esvaindo até uma seção de madeira nua.
Isso porque a parte de trás nunca foi
refeita, e está com seu verniz original. Muitas pessoas atribuem os aspectos do
som de um violino ao verniz. Cada fabricante tinha a sua própria fórmula
secreta. Acredita-se que a de Stradivari era um coquetel engenhosamente
equilibrado de mel, clara de ovos e goma arábica de árvores da África
subsariana. E este instrumento em particular tem um passado cheio de mistério. Por duas vezes, foi roubado de seu
proprietário prévio, o polonês Bronislaw Huberman.
A primeira vez, em 1919, desapareceu
do quarto de Huberman em Viena, mas foi rapidamente devolvido. Da segunda vez,
quase 20 anos mais tarde, foi pego de seu camarim no Carnegie Hall. Somente em
1985 o ladrão – um violinista de Nova York – fez uma confissão no seu leito de
morte a sua esposa, e devolveu o instrumento.
Bell o comprou alguns anos atrás.
Para tanto, teve que vender seu próprio Stradivarius e dar muito mais. O preço
foi relatado em cerca de US$ 3,5 milhões (R$ 7 mi).
Naquela sexta, pessoas esperando o
metrô ganhariam algo provavelmente mais caro do que poderiam pagar: um concerto
de um dos músicos mais famosos do mundo de graça. Isso, é claro, se o notassem.
Bell decidiu começar sua apresentação
com “Chaconne”, de Partita nº 2 de Johann Sebastian Bach em D Menor. Segundo
ele, “não apenas é uma das maiores peças de música já escritas, mas uma das
maiores conquistas de qualquer homem na história. É uma peça espiritualmente
poderosa, emocionalmente poderosa, estruturalmente perfeita. Além disso, foi
escrita para um solo de violino, por isso não estarei fazendo alguma versão
meia-boca”.
Bell não disse, mas a peça também é
considerada uma das mais difíceis de se dominar. Muitos tentam, poucos
conseguem. É exaustivamente longa – 14 minutos – e consiste inteiramente de uma
única progressão sucinta repetida em dezenas de variações para criar uma
arquitetura assustadoramente complexa. Composta por volta de 1720, na véspera
do Iluminismo europeu, é dita como uma celebração da amplitude da possibilidade
humana.
Ele realmente não fez uma versão
meia-boca: tocou com um entusiasmo acrobático, seu corpo inclinando-se para a
música e arqueando na ponta dos pés nas notas altas. O som era quase sinfônico.
No entanto, três minutos se passaram
até que algo aconteceu. 63 pessoas já haviam passado quando, finalmente, um
homem de meia-idade alterou sua marcha por uma fração de segundo, virando a
cabeça para perceber que tinha um cara tocando música. Só isso.
Meio minuto mais tarde, Bell
conseguiu sua primeira doação. Uma mulher jogou um dinheirinho e continuou
andando. Mais seis minutos depois, alguém finalmente se recostou contra uma
parede para escutar.
Esse alguém era John David Mortensen.
Ele não entende de música clássica. Mas, pela primeira vez em sua vida, parou
para ouvir um músico de rua. Ele tinha três minutos para gastar, e ficou ali
todos eles. No fim, outra atitude inédita: deu dinheiro a um músico de rua. Ele
não soube dizer por que, mas algo sobre a peça o deixou em paz.
Depois de “Chaconne”, veio “Ave
Maria” de Franz Schubert, que surpreendeu alguns críticos de música quando foi
estreada em 1825: Schubert raramente mostrava sentimento religioso em suas
composições, mas “Ave Maria” é uma obra de tirar o fôlego.
Um par de minutos se passa, e algo
revelador acontece. Uma mulher e seu filho, em idade pré-escolar, emergem da
escada rolante. A mulher anda rapidamente, segurando a mão da criança.
Sheron Parker está com pressa. Seu
filho Evan, 3 anos, está intrigado, no entanto. Ele fica se deslocando, olhando
para trás, tentando assistir Joshua Bell. Ele queria parar e ouvir, mas Sheron
não podia. Ela habilmente se pôs entre Evan e Bell, cortando sua linha de
visão. Mais tarde, quando soube o que havia perdido, riu. “Evan é muito
inteligente!”, disse.
Crianças são mesmo inteligentes. Não
houve padrão étnico ou demográfico para distinguir as pessoas que ficaram para
assistir Bell, ou que lhe deram dinheiro. Brancos, negros e asiáticos, jovens e
velhos, homens e mulheres, foram representados em todos os grupos. Mas um
comportamento manteve-se absolutamente constante: toda vez que uma criança
passava, tentava parar e assistir. Todas as vezes, um pai puxou a criança
embora.
Bell toca em seguida a peça de Manuel
Ponce “Estrellita”, então uma peça de Jules Massenet, e então começa novamente
uma de Bach.
Conclusão: sete pessoas pararam o que
estavam fazendo para lhe ouvir pelo menos por um minuto. 27 lhe deram dinheiro,
a maioria deles sem parar; um total de US$ 32,17 (cerca de R$ 65). 1.070
pessoas sequer se viraram para olhá-lo.
Segundo Bell, nesse tempo todo, há
seis momentos particularmente dolorosos de reviver: o que acontece logo após
cada peça termina, que é… nada. A música para. As mesmas pessoas que não tinham
o notado continuando não o notando. Nenhum aplauso, nenhum reconhecimento.
Observando o vídeo semanas depois,
Bell se encontra mistificado por uma única coisa. Ele entende por que não há
uma multidão o ouvindo na hora do rush, mas fica surpreso com o número de
pessoas que não prestam atenção nenhuma nele, como se fosse invisível, quando
na verdade está fazendo MUITO barulho.
E é verdade. Portanto, aqueles que
passam, cabeça para a frente, como se não tivesse nenhum som ali, são
totalmente alheios ao seu redor? Bell se pergunta se a sua desatenção pode ser
deliberada: se você não tomar nota do músico, você não tem que se sentir
culpado por não dar dinheiro.
Pode ser verdade, mas ninguém deu
essa explicação. As pessoas simplesmente disseram que estavam ocupadas, tinham
outras coisas em sua cabeça. Algumas pessoas que estavam falando em celulares
gritaram mais alto quando passaram por Bell, tentando competir com o barulho
infernal.
Na preparação para este evento, os
editores do The Post discutiram como lidar com prováveis resultados. A
suposição mais difundida era de que poderia haver um problema com o controle da
multidão: eles achavam que várias pessoas reconheceriam Bell.
Conforme se reunissem, se uma
multidão se formasse, câmeras provavelmente começariam a piscar, mais pessoas
começariam a chegar, então o que aconteceria? Atrapalharia o metrô? Causaria
brigas?
No fim das contas, apenas uma pessoa
ficou mais de 9 minutos ouvindo Bell – John Picarello, porque gostava de música
clássica e realmente adorou o que ouviu, distinguindo que era um músico muito
bom que estava a sua frente.
E apenas uma pessoa realmente
reconheceu Bell. Stacy Furukawa havia visto Bell tocar em um concerto antes, e
certamente parou, surpresa, para ouvi-lo no metrô. “Foi a coisa mais
impressionante que eu já vi em Washington”, diz Furukawa. “Joshua Bell estava
lá tocando na hora do rush, e as pessoas não paravam, e nem mesmo olhavam, e
alguns jogaram moedas para ele! Moedas!”, comentou. Graças a ela, que lhe deu
US$ 20, a contagem final chegou a US$ 32,17.
Sim, algumas pessoas deram centavos
ao cara que foi, semanas depois desse dia, aclamado o melhor músico clássico da
América pelo prêmio Avery Fisher.
Não reconhecemos o belo, ou o belo é
irrelevante?
Slatkin errou. Nunca houve uma
multidão, nem mesmo por um segundo.
Foi tudo filmado por uma câmera
escondida. Você pode reproduzir a gravação uma ou 15 vezes, nunca fica mais
fácil de assistir.
Se um grande músico toca incríveis
músicas e ninguém ouve… Será que ele é realmente bom?
Esse é um velho debate
epistemológico. Platão já pesou sobre o assunto, assim como filósofos de dois
milênios depois. O que é beleza?
É um fato mensurável (Gottfried
Leibniz), ou apenas um parecer (David Hume), ou é um pouco de cada um, colorido
pelo estado imediato da mente do observador (Immanuel Kant)?
Kant pode estar certo.
“No início, eu estava apenas
concentrado em tocar a música. Eu não estava realmente vendo o que estava
acontecendo ao meu redor. Quando você toca uma peça para violino, você é um
contador de histórias, e você está contando uma história”, diz Bell.
Eventualmente, porém, ele começou a
roubar um olhar de soslaio. “Foi uma sensação estranha, de que as pessoas
estavam na verdade, ah…”. A palavra não vem facilmente. “… Ignorando-me”, fala,
por fim.
“Em um concerto, fico chateado se
alguém tosse ou se o celular de alguém toca. Mas lá, as minhas expectativas
diminuíram rapidamente. Comecei a apreciar qualquer reconhecimento, mesmo um
olhar ligeiro. Eu ficava estranhamente grato quando alguém jogava um dólar, em
vez de moedas”, conta. E isso vem de um homem cujo talento pode exigir US$
1.000 (cerca de R$ 2 mil) por minuto.
Mark Leithauser é o curador sênior da
National Gallery, e supervisiona o enquadramento das pinturas. Ele acha que tem
alguma ideia do que aconteceu naquela estação de metro.
Fora de contexto, Leithauser acredita
que mesmo especialistas não reconheceriam uma obra-prima. Poderiam notar a
similaridade, mas talvez não validariam um quadro famoso ou valioso pendurado
sem uma moldura elegante em um restaurante qualquer.
Portanto, ele acha que não devemos
rotular prontamente os transeuntes americanos de “não sofisticados”. O contexto
importa.
Kant concorda. Ele já argumentou que
a habilidade de apreciar a beleza está relacionada com a habilidade de fazer
julgamentos morais. Mas há uma ressalva. Para adequadamente apreciar a beleza,
as condições de visualização devem ser ideais.
No metrô, com pressa, indo ao
trabalho, de fato não é o momento ideal para apreciar Joshua Bell. E, fora de
contexto, é difícil reconhecê-lo – como de fato foi, até mesmo para o cara que
se sentou lá 9 minutos e gostava de música clássica – e de Bell.
Vamos dizer que Kant está certo.
Vamos aceitar que não podemos olhar para o que aconteceu em 12 de janeiro de
2007 e fazer qualquer julgamento sobre a sofisticação do povo ou a sua
capacidade de apreciar a beleza.
Mas e sobre sua capacidade de
apreciar a vida?
Estamos ocupados. Somos ocupados. A
vida moderna nos leva a uma constante busca pela acumulação de riqueza. Mas e o
resto?
Se não temos tempo para parar um
momento e ouvir um dos melhores músicos da Terra tocar algumas das melhores
músicas já escritas, então o que mais estamos perdendo? Nossas prioridades
estão todas erradas?
Isso somente cada um pode dizer a si
mesmo. Eu sei que, da próxima vez que passar por qualquer alguém tocando
qualquer coisa, vou fazer meu máximo para ouvir. Antes perder meu tempo com
coisas demais do que perder meu tempo com coisas de menos. [WashigtonPost]
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