sexta-feira, 21 de março de 2014

PRÁTICAS CORPORAIS INTEGRATIVAS E SAÚDE EMOCIONAL


PRÁTICAS CORPORAIS INTEGRATIVAS E SAÚDE EMOCIONAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO


Revista Didática Sistêmica, v. 13, n. 1, (2011) página 76
Tiago Oviedo Frosi1
Mauro Luiz Pozatti2

RESUMO
Inúmeros estudiosos de diversas áreas do conhecimento vêm questionando a visão
cosmológica e paradigmática da ciência materialista/mecanicista dominante. Em seus 
estudos, propõe uma virada de paradigma que exige o abandono do monismo materialista 
e uma das possíveis respostas a isso é o primado da Consciência. Uma ciência baseada 
neste princípio nos permite discutir a questão da saúde emocional sob uma ótica 
integrativa e transdisciplinar, que engloba elementos da ciência, da arte, da filosofia e 
das tradições sapienciais.
Palavras-chave: Saúde. Práticas Integrativas e Complementares. Ciência dentro da
Consciência. Transdisciplinaridade.

1 Mestrando em Ciências do Movimento Humano pela UFRGS. 
E-mail: tiago.frosi@yahoo.com.
2 Doutor em Educação pela UFRGS. Professor adjunto da Faculdade de Medicina da 
UFRGS. Revista Didática Sistêmica, v. 13, n. 1, (2011) página 77

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nas últimas décadas vemos emergir, pouco a pouco, um novo pensamento que vem
sendo chamado de novo paradigma, paradigma emergente ou paradigma holístico.
 Inúmeros estudiosos de diversas áreas do conhecimento vêm questionando a visão
cosmológica e paradigmática da ciência materialista/mecanicista dominante. Em seus 
estudos, propõem uma virada de paradigma que exige o abandono do monismo 
materialista e uma das possíveis respostas a isso é o primado da Consciência sobre a 
matéria. No sentido de construir um conceito de saúde que abarque todas essas questões
e nos foquemos, então, nos aspectos emocionais, retomaremos as ideias de alguns autores
do que vem sendo conhecido como “novo paradigma” ou “paradigma emergente” 
(GROF, 2000).
Assim, as práticas integrativas e complementares de origem oriental, recentemente
reconhecidas em sua dimensão terapêutica pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através do
Plano Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), de 2006 e da Portaria
154 de 24/01/08, podem ser re-significadas, e os profissionais da Educação e da Saúde 
teriam, então, a possibilidade de realizar atividades estruturadas em uma ideia de desenvolvimento dos aspectos adjacentes, ou subjetivos, do Ser.
Justificamos esta abordagem devido à necessidade de compreendermos melhor os
princípios que fundamentam as práticas corporais ligadas ao conceito de Saúde
 Emocional, pois são cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Este entendimento 
deve levar a reflexões sobre a atuação do profissional da Educação e da Saúde que, 
muitas vezes, desconhece e até desdenha tais atividades, por preconceito pautado 
na falta de conhecimento ou pela insistência em defender teorias arraigadas no
monismo materialista.
Este estudo busca apresentar uma fundamentação teórica para as práticas integrativas
e complementares de origem oriental, baseada no paradigma da Ciência dentro da
Consciência (GOSWAMI; REED; GOSWAMI, 2008; GOSWAMI, 2006a; 2006b) e que 
se insere na discussão da busca por um “novo paradigma”. Mesmo sendo uma abordagem
relativamente nova, a Ciência dentro da Consciência vem mobilizando um conjunto cada 
vez maior de cientistas, sendo vista como uma opção teórica com a capacidade de integrar 
os conhecimentos disponíveis atualmente (MARTINS, 2009). Esta nova visão pode 
oferecer ao educador físico e à equipe multidisciplinar de saúde outra forma de 
abordagem, pautada na transdisciplinaridade (D’AMBRÓSIO, 1997). Optou-se pela 
utilização de fontes documentais e informações do meio digital, tais como: livros e 
artigos de períodicos, 
além das resoluções do SUS, para a construção deste texto. Após a obtenção dos 
dados relevantes, foi feita uma análise documental baseada em Bardin (2000).
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2 A SAÚDE SOB O OLHAR DO PARADIGMA EMERGENTE
Alguns estudos presentes na literatura trataram de tentar definir o que são Práticas
Corporais Alternativas, sua função e usos na Educação Física, bem como as possibilidades 
de inserção destas atividades nos currículos dos cursos superiores da área (CONCEIÇÃO 
et al., 2009; COLDEBELLA et. al., 2004; FRAGOSO;NEGRINE, 1997). Uma das
principais ideias dos autores era a possibilidade de equilíbrio emocional através de 
práticas corporais que proporcionassem a dissolução de “couraças” emocionais dentro 
da perspectiva reichiana. Os estudos de Wilhelm Reich levaram à conclusão de que, de 
diferentes modos, os sujeitos acumulam, ao longo da vida, quantidades de “energia” 
emocional em determinadas partes do corpo, criando o que ele denominou couraças 
(GROF, 2000). O trabalho corporal é uma das formas de liberar tais acúmulos,
promovendo saúde mental, emocional e bem-estar dos indivíduos.
Estudos realizados pelo psiquiatra tcheco Stanislav Grof, através da respiração
holotrópica (GROF;GROF, 2011; GROF, 2000), levaram a conclusões muito próximas 
às de Reich, com a ressalva de que a origem dessas energias emocionais “encouraçadas” 
não seriam impulsos sexuais (como na ideia central de Reich) e sim produtos de 
Complexos de Experiências Condensadas (COEX). Os COEX de Grof são, de forma 
genérica, agrupamentos de energia emocional condensados e sustentados por diferentes 
tipos de memórias traumáticas (especialmente relacionadas com o trauma de nascimento), 
que operam no inconsciente (semelhantes aos complexos junguianos), levando os 
indivíduos a diversos problemas psicológicos e psicossomáticos.
Mesmo pautado em mais de cinquenta anos de pesquisa psiquiátrica e de terapia
corporal, os milhares de casos analisados por Stanislav Grof não podem ser explicados pelo
olhar do materialismo monista da ciência dominante. Suas experiências sugerem que outra
visão que engloba as dimensões transpessoal (espiritual) e perinatal precisa ser considerada.
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Neste caso, uma das visões possíveis, é o Primado da Consciência sobre a matéria, um
princípio teórico cujo principal defensor é o físico Amit Goswami.
A filosofia materialista defende alguns pressupostos, que são seus pilares
fundamentais, e que podem ser assim sintetizados: a) monismo material: é a ideia que
 afirma que tudo é feito de uma única substância, a matéria; b) objetividade forte:
o princípio que afirma que o mundo real é objetivo e existe independente da interação
 de seres conscientes com ele; c) determinismo causal: a ideia de que ao conhecermos 
todas as forças/influências que atuam sobre um dado objeto conheceremos também seu comportamento; d) localidade: é o princípio que afirma que a única forma possível de 
contato, de troca entre dois objetos é local, através de contato direto ou emissão de 
ondas e sinais (este princípio prediz também que todo objeto deve percorrer uma 
distância para ir de um ponto a outro do espaço); e) epifenomenalismo: é o princípio 
que defende que todas as experiências subjetivas (emocionais, mentais, espirituais) 
são efeitos secundários à interação complexa da matéria, como as reações
eletroquímicas no cérebro sendo, portanto, ilusões, e; f) causalidade ascendente: 
que é a ideia de que apenas a organização da matéria de níveis menos para mais
complexos é a única possível (numa hierarquia de complexidade que vai desde as 
partículas subatômicas até os superaglomerados de galáxias) (GOSWAMI;REED;
GOSWAMI, 2008;
WILBER, 2007). De fato, com a descoberta do gene, o advento da biologia molecular 
foi o estopim para a disseminação da filosofia materialista nas ciências alicerçadas de 
alguma forma na biologia (LIPTON, 2007), o que afetou diretamente a área da saúde, 
aí incluídas as Ciências do Movimento Humano.
Apesar disto, a Mecânica Quântica, descoberta no início do século por Niels Bohr e
Werner Heisenberg apontava na direção oposta. Esta interpretação matemática da
 realidade e os experimentos subsequentes realizados por inúmeros físicos nos revelam 
outros princípios para descrever essa realidade, que são melhor explicados pelo 
Primado da Consciência, que também listo aqui: a) objetividade fraca: é o princípio que
 nos explica que a realidade não existe objetivamente, mas é constantemente formada
a partir da interação entre sujeito e objeto, através do colapso das ondas de possibilidade;
 b) não localidade: é o princípio que nos revela que as interações entre os objetos não se 
dá apenas de forma local, mas também à distância, através de saltos quânticos; c) incerteza: 
é o princípio que aponta para o fato de que não podemos medir a posição e a velocidade (momentum) de objetos quânticos Revista Didática Sistêmica, v. 13, n. 1, (2011) página 80
simultaneamente, e que seus movimentos são indetermináveis matematicamente
 (por isso a matemática quântica é probabilística e não determinista), e; d) 
causalidade descendente: é o princípio que sistematiza a ideia de que certos fenômenos 
em um nível de realidade são ocasionados por informações oriundas de outro nível, 
como alguns fenômenos do nível material cuja origem é uma informação de um nível transcendente (que Heisenberg chamou de potentia), oriunda de um salto quântico. 
Um dos primeiros pensadores ocidentais a popularizar a filosofia perene, ou idealismo
 monista baseado no Primado da Consciência, como alternativa para fundamentar estes 
princípios oriundos da Mecânica Quântica foi Fritjof Capra com seu famoso livro O Tao 
da Física (1989). Recentemente, Amit Goswami deu seguimento a essas ideias, 
formulando um novo paradigma chamado Ciência dentro  da Consciência (GOSWAMI;REED;GOSWAMI, 2008).
Outro estudioso famoso por sua abordagem quantitativa dos fenômenos psíquicos é o
Engenheiro Eletricista e Parapsicólogo americano Dean Radin. Em seu livro Mentes
Interligadas apresenta diversos experimentos e meta-análises completas de resultados 
de estudos de inúmeros pesquisadores que acabam por concluir que o fenômeno psíquico 
é real e que nosso modelo paradigmático materialista não é amplo o suficiente para 
englobar tais dados (RADIN, 2007). Suas afirmações fazem eco, portanto, aos cientistas
 que vem criticando a abordagem da ciência tradicional e nos leva novamente a uma 
necessidade de reformular a visão de mundo dominante. Lembramos ainda que nessa 
mesma linha, o biólogo Rupert Sheldrake realizou uma série de experimentos publicados 
em diversos periódicos, onde constatou uma espécie de conexão não local entre indivíduos (pessoas que voltam sua    atenção para uma determinada direção pela sensação de 
estarem sendo observadas, cães que sabem quando os donos estão voltando para casa
 ou quando morrem, conexões emocionais entre mães e bebês, etc) e que sistematizou 
na teoria que chamou de “campos morfogenéticos” (SHELDRAKE, 1993).
Em uma abordagem de saúde que pretende ser transdisciplinar (D’AMBRÓSIO,
1997), integrando os conhecimentos da ciência, da arte, da filosofia e das tradições, 
como sugere Crema (1989), de forma a atendermos as necessidades dos usuários dos 
serviços de saúde, atingindo resultados positivos, podemos optar por um modelo
 baseado no paradigma emergente, que dê subsídios para ações não apenas objetivas 
e pragmáticas, mas também contemple as dimensões subjetivas e culturais dos indivíduos. 
Para isso, podemos resgatar alguns mapas sugeridos pelos autores para explorar o 
potencial das práticas integrativas e complementares (que vieram a substituir a ideia de 
práticas corporais alternativas), numa proposta de saúde emocional.
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3 MAPAS DO SER E UMA DEFINIÇÃO DE SAÚDE EMOCIONAL
Diversos autores vêm buscando definições para o Ser, a psique, o corpo a mente e o
espírito, de forma a elucidar abordagens mais integrativas e que contemplem os insights 
das pesquisas da Consciência e outras abordagens que apontam para as limitações do 
monismo materialista dominante.
Assim como na física moderna se fala da dualidade onda-partícula como uma das
aproximações para a questão da existência de uma realidade física objetiva e uma 
dimensão escondida transcendente (potentia/campo Akáshico), há a questão apontada 
pela ciência da existência de dois movimentos cósmicos que são chamados causalidade ascendente e causalidade descendente ou ordem explicada e ordem implicada
(LASZLO; CURRIVAN, 2011; GOSWAMI, REED; GOSWAMI, 2008; LASZLO, 2008). 
Na filosofia, Plotino (o fundador do neoplatonismo) falou desses movimentos como 
emanação e refluxo e o filósofo indiano Sri Aurobindo utilizou os nomes involução e
 evolução da consciência (GROF, 200).Ken Wilber falou deste mesmo processo, 
necessário para que a psique  transcenda padrões visões de mundo, através da ideia 
de queda e ascensão desde os níveis do subconsciente, ao consciente e até o 
superconsciente (WILBER, 2010; 2006). 
Diversas tradições, por sua vez, utilizam simbologias culturais para designar esses 
diferentes níveis de realidade e movimento, como o yin-yang taoista ou a ideia de terra 
e céu no misticismo cristão, etc (figura 1).




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Figura 1 – representação da complementaridade denso-sutil-movimento presente em 
diversas formas de conhecimento.
Todas essas nomenclaturas são metáforas para os níveis de manifestação da
Consciência e de seus dois tipos de movimento, remetendo ao que o psiquiatra Stanislav 
Grofdenominou como movimentos Holotrópico (em direção ao Todo) e Hilotrópico 
(em direção à matéria).
Uma questão insistentemente levantada pelo filósofo Ken Wilber é a existência de
cinco níveis do Ser, expressos nas tradições sapienciais do mundo sob inúmeros nomes. 
Em seus estudos, destaca a necessidade de se partir deste esquema que chamou de 
“grande ninho”para que possamos pensar nossas experiências. O “grande ninho do ser”, importado dos
estudos da área da filosofia das religiões, é um esquema com cinco níveis, que vai da 
matéria ao corpo, à mente, à alma e ao espírito, sendo que cada nível inclui, mas 
transcende o anterior (WILBER, 2007). Amit Goswami apresenta uma visão científica 
baseada na interpretação idealista monista da física quântica, fazendo relações com a 
tipologia do psiquiatra suíço C.G. Jung, onde apresenta cinco níveis de experiências, 
que são quantizados (operam um tipoespecífico de experiência vivenciada através das
funções da consciência junguianas).
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encontram as informações para a morfogênese (as instruções que deveriam ditar como o 
corpo cria sua morfologia). Esse fato nos faz ponderar a possibilidade de que os mapas 
para a morfogênese estão fora do meio físico, e uma das possibilidades para isso são os 
campos morfogenéticos. Sendo assim, encontramos a ligação nos dois esquemas ao 
considerarmos que o corpo, em Wilber, é parte da biosfera (vida), que transcende, mas 
inclui a fisiosfera (matéria), assim como o nível emocional (vital) em Goswami é aquele 
que contém os campos morfogenéticos para ordenar a matéria.
Relembrando o atual conceito de saúde Organização Mundial de Saúde (Assembleia
Mundial de Saúde de 1983), temos que: “saúde é um estado dinâmico de completo bem-
estarfísico, mental, espiritual e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”.
Sintetizando, assim, as concepções dos autores aqui apresentados, chegamos à definição 
de saúde emocional como: um estado dinâmico de equilíbrio dos aspectos vitais do Ser,
incluindo a relação com o corpo (couraças reichianas), a mente (complexos de experiência
condensada enraizados em sentimentos traumáticos) e o espírito (arquétipos vitais do
inconsciente coletivo).
A partir dessa conceituação ampla, podemos considerar diversas práticas integrativas
e complementares (BRASIL, 2006), especificadas na portaria do NASF (BRASIL, 2008) e
fundamentadas por sofisticadas teorias bioenergéticas orientais, como ferramentas 
adequadas para a promoção de saúde emocional desde a intervenção do educador físico.
4 RESGATANDO TECNOLOGIAS DA MEDICINA TRADICIONAL
ORIENTAL PARA A PRÁTICA CORPORAL INTEGRATIVA
Nas práticas corporais oriundas das matrizes culturais orientais, o físico Amit
Goswami identificou atividades voltadas à saúde vital/emocional (2006a). Como a física
quântica nos permite ver hoje o mundo de uma forma mais abrangente, podemos 
compreender de forma científica e metódica, as práticas que são a base para os 
sistemas terapêuticocorporais na China, Índia e Japão há milênios.
Tanto a medicina ayurvédica (indiana) quanto a medicina tradicional chinesa (MTC)
e a medicina honoo (abordagem terapêutica tradicional do Japão) utilizam a ideia de que
existem movimentos bioenergéticos que por vezes causam males psicossomáticos ou que,
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pelo contrário, podem ser direcionados para a promoção de saúde. Esses sistemas são
baseados em princípios como yin-yang, cinco elementos, doshas e trigramas que são
metáforas para os movimentos da Consciência nesse nível emocional. Como nos lembra 
Grof (2000), apesar da ciência dominante tratar como devaneios as ideias de fluxos 
bioenergéticos não materiais e não físicos atuando diretamente no estado de saúde 
mental e emocional do indivíduo, os resultados positivos da MTC (especialmente 
através da acupuntura) desafiam completamente as concepções monistas materialistas 
(RADIN, 2008; LIPTON, 2007).
Vale lembrar que práticas de origem chinesa como o Taichi Chuan, a acupuntura, as
terapias com ventosas e ervas da MTC e várias formas de ginásticas e exercícios
bioenergéticos como Qi Gong, Lian Gong e Lian Qi são baseados nos princípios culturais
simbólicos da filosofia taoista. Essas práticas se preocupam com o reequilíbrio de uma
bioenergia que se movimenta no nível emocional (Qi/Chi na China, Ki no Japão, Prana na
Índia, etc) (quadro 1).
Quadro 1 – Práticas Corporais Orientais para a Saúde Emocional
Indiana Chinesa Japonesa
Kalaripaith
Vajramushti
Yoga
Shantala
Pranayama
Taichi Chuan
Lian Gong
Nei Gong
Xing-I
Pakua
Chi Kung
Lien Chi
Tui-na
Aikidō
Kyudō
Kendō
Karatedō
Shintaidō
Zazen
Haragei
Shiatsu
O mesmo vale para as diferentes práticas de Yoga, que são fundamentadas no
pensamento hinduísta e tem confluência com a medicina ayurvédica, assim como as 
práticas meditativas e artes marciais japonesas (como Karatedo, Aikido e Kyudo) 
tem relações com as concepções metafísicas daquela cultura.
Pensar em práticas para a saúde emocional, a partir da ideia de que nosso nível de
experiência emocional é análogo ao conceito de corpo vital da cultura oriental é refletir,
primeiro, acerca da legislação vigente. Aos atributos do Educador Físico, descritos na 
Portaria 154 do SUS, no que tange às práticas corporais é afirmado:
A Política Nacional de Promoção da Saúde - PT nº 687/GM, de 30 de março de
2006 -, compreende que as Práticas Corporais são expressões individuais e coletivas
do movimento corporal advindo do conhecimento e da experiência em torno do
jogo, da dança, do esporte, da luta, da ginástica. 
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São possibilidades de organização, escolhas nos modos de relacionar-se com o corpo e
de movimentar-se, que sejam compreendidas como benéficas à saúde de sujeitos e 
coletividades, incluindo as práticas de caminhadas e orientação para a realização de 
exercícios, e as práticas lúdicas, esportivas e terapêuticas, como: a capoeira, as danças, 
o Tai Chi Chuan, o Lien Chi, o Lian Gong, o Tui-ná, a Shantala, o Do-in, o Shiatsu, 
a Yoga,entre outras. (BRASIL, 2008, p.5)
Estas atividades, e as demais anteriormente listadas no quadro 1, são classificadas
como terapêuticas e para as tradições orientais estão baseadas em princípios dos corpos 
sutisde experiência. Não obstante, a literatura diverge sutilmente tanto em significados
das terminologias, quanto em forma de significação destes aspectos enquanto símbolos e
conceitos. Apresentamos agora alguns quadros que correlacionam as simbologias das
diferentes tradições e o conceito presente na teoria da Ciência dentro da Consciência, 
que nos servem como ferramenta prática para compreender os exercícios e teorias 
presentes na literatura sobre Yoga, Taichi e outras artes marciais:
Quadro 2 – Confluência entre conceitos da ciência e metáforas da cosmologia oriental
Tipologia (Jung)
Níveis da
Consciência (Goswami)
Taoismo
Hinduísmo
Budismo
Sensações
Material
Ág
ua

Terra Terra
Sentimentos
Emocional
Madeira
Água Água
Pensamento
Mental 
Me
tal
Fogo Fogo

Intuição Arquetípica
Fo
go

Ar Vento
Transcen
dência
Sublime 
Ter
ra
Éter Vazio
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Quadro 3 – Confluência entre conceitos sobre o componente emocional do Ser.
Conceito Autor/Origem
Campo Morfogenético Sheldrake (biologia)
Corpo de experiência
emocional
Goswami (física
quântica)
Função sentimento Jung (psicologia)
Prana Cosmologia indiana
Chi Cosmologia chinesa
Ki Cosmologia japonesa
Quadro 4 – Confluência entre criatividade e os movimentos da energia vital nas práticas orientais.
Qualid
ade de 
Criatividade

Qualid
ade vital 
(Ayurveda)

Qu
alidade vital 
(MTC)

Qual
idade vital 
(Honoo)

Movi
mento da 
Consciência

Criativi
dade Fundamental

Tejas 
Ya
ng 
Yo

Holo
rópico

Criativi
dade Situacional

Vayu 
Ya
ng 
Yo

Holot
rópico

Condici
onamento

Ojas Yin In
Hilotr
ópico


De forma geral, os mapas acima apresentados ajudam a perceber a confluência entre
as práticas terapêuticas orientais e sua possível conexão com outros saberes. 
Podemos, assim, 
mapear os conhecimentos das práticas chinesas, japonesas e indianas tradicionais, pensando 
suas aplicações físicas, psicológicas e emocionais. 

A literatura acerca dessas práticas dá 
detalhes das diferentes abordagens, que, como

podemos perceber aqui, podem dialogar para 
que possamos oferecer um programa 

que promova saúde emocional. Pela vastidão do tema e a 
natureza deste artigo, não 

esgotaremos nenhum dos tópicos sugeridos pelos quadros 
apresentados. O uso de 

estados ampliados de consciência, onde essas “energias” sutis são 
empregadas 

juntamente com o exercício físico por profissionais de mente aberta, pode resultar

em inúmeros benefícios à saúde dos usuários assim como relata a literatura.
No Taichi Chuan, os movimentos corporais têm o objetivo de promover os
movimentos de energia vital pelos meridianos. O praticante é guiado a mentalizar 
essa concentração de energia vital e fazê-la percorrer a extensão desses canais, 
normalizando o fluxo de Chi. A principal ferramenta, ou tecnologia, presente
 nos Caminhos chineses (tais como o Taichi Chuan) são os exercícios 
chamados Chi Kung. Esses consistem em posturas aliadas a exercícios 
respiratórios que se configuram em um método estruturado muito eficiente 
de educação da energia sutil (CHIA, 2005). 
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Além de inúmeros estudos sobre o Taichi, que apontam para benefícios no
 tratamento de problemas osteo-articulares e fisiológicos, há um interessante 
estudo focado na recuperação da saúde emocional e mental de pessoas que 
sofreram torturas ou traumas como refugiadas de guerra, através da introdução 
da prática de Taichi Chuan e Chi Kung (GRODIN et al., 2008). Tsang et al. (2008)
 propõem ainda que o Chi Kung seja considerado por si só a medicina bioenergética, 
do nível vital.
A Yoga é composta de diversos exercícios que, aliados à respiração, estimulam 
os movimentos da energia vital. Além disso, os pranayama (exercícios 
respiratórios, como o ibuki de Karatedō) são usados para promover o reequilíbrio 
dos movimentos da energia vital/emocional. Associada a uma dieta vegetariana e 
exercício aeróbico (30 minutos diários), sessões de uma hora de Yoga foram 
responsáveis pela melhora da capacidade física geral e do sistema imunológico 
de pacientes em recuperação de câncer de próstata (ORNISH et al., 2008). 
O mesmo estudo comprovou ainda que esta mudança de estilo de vida ocasionou a
mutação de 453 genes causadores de câncer para o estado inativo e de 48 genes 
que atuam na regeneração do organismo doente para o estado ativo. O tratamento 
também se mostrou eficaz na regulação de diversos parâmetros metabólicos e 
redução de gordura abdominal. Tal pesquisa só foi possível através do advento da 
Epigenética e do reconhecimento das práticas integrativas e complementares no 
meio científico.
Dois exemplos da aplicação desta metodologia específica, e sob este paradigma, no
Brasil (realização de atividade prolongada, voltada à saúde emocional), ocorreram 
com êxitona UFRGS. No primeiro, um grupo de universitários entre 17 e 28 anos 
relatou benefícios na qualidade de vida e equilíbrio emocional através da prática do 
Karatedo e Qi Gong (FROSI et al., 2010) e no outro um grupo de terceira idade 
relatou o mesmo tipo de benefício através de um conjunto de práticas integrativas 
e terapias com estados ampliados de consciência
(FROSI, 2010).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo tratou de apresentar uma série de formulações e definições que
ajudassem a compreender o que é saúde emocional e qual o papel das práticas integrativas e
complementares na perspectiva da Ciência dentro da Consciência. A partir de reflexões
alicerçadas nos trabalhos de estudiosos alinhados com o “paradigma emergente” sugeriu-se
uma nova agenda para os educadores físicos, uma possibilidade a mais de atuação que pode
ser somada às já estabelecidas práticas deste profissional.
Nossa principal preocupação foi a ideia de que podemos resgatar conhecimentos
antigos, oriundos das tradições sapienciais, que podem incitar novos insights na promoção de
saúde e bem-estar dos usuários dos serviços de saúde. Propomos que ao invés de patologizar
os saberes e práticas das tradições, o que é uma prática deselegante da corrente dominante,
devemos compreendê-las e utilizá-las dentro de sua especificidade, sem ignorar os avanços da
medicina ocidental, o que só vem a somar em nossas atividades do cuidado humano. Para nos
aproximarmos desses antigos conhecimentos, a abordagem transdisciplinar se torna uma
forma interessante de produção de novos saberes em um momento histórico de transformação
na ciência e na sociedade.
Ressaltamos ainda a importância de se oferecer os serviços especializados presentes
no Plano Nacional de Práticas Integrativas e Complementares nos Núcleos de Apoio á Saúde
da Família, pois são uma alternativa de custo reduzido à resolução de diversos problemas do
cotidiano dos serviços de saúde. O acesso da população a esses serviços tem o potencial de
beneficiar não apenas o usuário, que pode ter mais uma opção de tratamento às enfermidades
e disfunções corporais, emocionais e mentais, como também pode ser uma saída para a
redução da necessidade de prescrição de outros tratamentos de custo mais elevado pela equipe
de saúde.

REFERÊNCIAS
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BRASIL. Portaria no. 154 de 24 jan. 2008. Diário Oficial da União. Cria os Núcleos de
Apoio à Saúde da Família - NASF. Brasília: Imprensa Nacional, 04 mar. 2008. p.1-13.


Revista Didática Sistêmica, v. 13, n. 1, (2011) página 90








BRASIL. Plano Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. Sistema Único de
Saúde. Brasília: Imprensa Nacional, 2006.
CAPRA, F. O Tao da Física. São Paulo: Cultrix, 1989.
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